quinta-feira, 4 de agosto de 2011

País muda diretriz para câncer de colo do útero.

País muda diretriz para câncer de colo do útero.


Faixa etária de mulheres que devem fazer testes periódicos agora vai até 64 anos, por causa da maior expectativa de vida.

O INCA (Instituto Nacional de Câncer) vai lançar no início de julho as novas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero – o quarto que mais mata mulheres no Brasil.A principal novidade do documento, que orienta a conduta de profissionais de saúde da rede pública e privada do país, é a ampliação da faixa etária da população a ser submetida ao exame preventivo.

A maior causa da doença é a infecção por determinados tipos do vírus HPV (papilomavírus humano), transmitido por via sexual. O exame preventivo, o Papanicolau, identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo o tratamento antes que a doença se desenvolva.Pelas diretrizes anteriores, de 2006, só mulheres com idade entre 25 e 59 anos deveriam realizar o exame. Agora, essa faixa será estendida para até 64 anos.

O motivo, segundo a técnica Flávia de Miranda Corrêa, da divisão de apoio à rede de atenção oncológica do Inca, é o aumento da expectativa de vida da brasileira, hoje em 76 anos.Como a doença leva de 10 a 20 anos para desenvolver, a realização de exames aos 64 anos da mais segurança as mulheres.

FREQUÊNCIA

O INCA quer aproveitar a divulgação das novas diretrizes para reforçar a recomendação de que os médicos realizem o papanicolau só de três em três anos após obter dois resultados positivos com um intervalo de um ano. Hoje, muitos médicos fazem o teste uma vez por ano ou até com mais freqüência, sobrecarregando de forma desnecessária o SUS.

Segundo Corrêa, como o desenvolvimento da doença é lento, isso não se justifica - pesquisas indicam que a realização anual do exame provoca uma queda de 93 % na incidência geral da doença; já com a realização a cada três anos, a redução é de 91 %.

“Hoje o SUS cerca de 12 Milhões de Papanicolaus por ano. Se os médicos seguissem a periodicidade recomendada, isso seria suficiente para cobrir toda a população-alvo”. Segundo Corrêa, o problema é que algumas mulheres são submetidas ao exame mais vezes do que o necessário, enquanto outras nunca o realizam. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),demonstram que a população feminina entre 25 e 64 anos soma 49,7 milhões de pessoas.Se todas fizessem o exame na rede pública, portanto, seriam necessários 16,5 milhões de Papanicolaus por ano.

Pesquisa realizada pelo instituto em 2008, porém, mostrou que apenas 84,5 % das brasileiras já fizeram o exame preventivo pelo menos uma vez na vida. Especialistas acreditam que muitas podem nunca tê-lo repetido. As novas diretrizes também desencorajam a realização de exames preventivos nas mulheres abaixo de 25 anos, já que, nessa idade, a infecção do HPV muitas vezes regride por conta própria.Caso os médicos optem por realizar, porém, a orientação é que adotem posturas mais conservadoras no caso de obterem um resultado positivo. Mas, segundo especialista, cabe ao médico decidir qual a conduta a ser adotada para cada diagnóstico específico encontrado.

Fonte : Matéria publicada na Folha de São Paulo em 11 de junho 2011.

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