segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Como avaliar a prática da Imagenologia mamária

O principal objetivo da mamografia é o diagnóstico precoce do câncer de mama não palpável, pois quando mais precoce o diagnostico, mais eficaz, menos mutilante e menos desconfortável será o tratamento. Para obter esses resultados, dependemos de uma técnica apurada, pois as lesões mamográficas são muito parecidas com o parênquima mamário normal. Os tumores óbvios aparecerão em mamografias realizadas com qualquer técnica, mas os tumores menores e mais difíceis de serem discriminados do parênquima mamário adjacente só serão demonstrados se a mamografia for realizada com alto padrão técnico. Diferentemente de uma indústria, cuja qualidade pode ser aferida imediatamente ao final da linha de produção, o controle de qualidade em diagnóstico mamário requer controles técnicos e epidemiológicos sofisticados. Temos que conhecer nossos falsos positivos e falsos negativos. Esse controle só será possível por um observador atento e organizado, com um cuidadoso compilação de dados para auditoria. Este capitulo discorre sobre como reconhecer uma prática radiológica de alta qualidade. Descrevemos, em linhas gerais, as técnicas de controle de qualidade e mostramos uma maneira prática de saber, no dia-a-dia, como avaliar um serviço de radiologia mamária. Selo do Colégio Brasileiro de Radiologia O Colégio Brasileiro de Radiologia é a instituição que zela pela qualidade técnica da mamografia no Brasil. A ferramenta técnica desenvolvida para esse fim foi um selo de controle de qualidade. Em geral, as clínicas que o possuem exibem tal selo em seus relatórios. A outorga desse selo exige que a clinica cumpra uma série de requisitos técnicos exigidos pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, que incluem radiografias feitas na clínica. Esses requisitos não incluem, porém, uma aferição direta do controle de qualidade, apuração de dados epidemiológicos ou mesmo visitas ao local. Dessa forma, a auditoria realizada sobre o serviço é limitada. Não obstante, a iniciativa do Colégio Brasileiro de Radiologia é um enorme passo dado na direção de uma padronização e uma certificação da qualidade técnica da mamografia no Brasil. Parâmetros técnicos do controle de qualidade: Há uma estrutura mínima de aparelhos que uma clínica radiológica deve ter. Normalmente, descreve-se o processo de mamografia como uma seqüência (ou cadeia) de eventos. Para um bom resultado final, é necessário um bom aparelho de raios X (mamógrafo), com o controle de exposição automático e grande antidifusora, um bom posicionamento, uma boa revelação (ou captação de imagem na mamografia digital), uma análise das radiografias feitas com um radiologista experiente, contando com um negatocópio de alta luminescência em um ambiente apropriado (sala escura, sem distrações) e um relatório que seja bem compreendido pelo médico que solicitou o exame. Todos os itens (elos) dessa cadeia de qualidade podem e devem ser testados individualmente. Cadeia de eventos: Feixe de raio X → Posicionamento → Grade antidifurosa → Qualidade do filme e do sistema de chassi-écran → Câmara escura → Revelação (ou captação da imagem)→ Negatoscópio (ou estação de trabalho em mamografias digitais) → Análise médica do radiologista→ Relatório . Quando o olho humano consegue julgar uma mamografia como inapropriada, como quando enxergamos bem nosso dedo por trás da área enegrecida da radiografia ou quando o parênquima mamário está excessivamente esbranquiçado. Já faz muito tempo que o diagnostico mamográfico está abaixo do ideal. O desejável é que testes de controle de qualidade sejam realizados diariamente, antes da realização primeira mamografia do dia, para assegurar que nesse dia os parâmetros estão no seu melhor desempenho antes de expor uma paciente a radiação. Raios X. Devem gerar radiação na faixa que produza o contraste desejado. Em seguida, os raios são colimados e filtrados para expor a mama apenas aos fótons de energia no aspecto ideal. Pode-se escolher o ponto focal (usam-se pontos focais menores nas técnicas de magnificaçõe). A qualidade da radiação é testada através de aparelhos que conferem se a dose nominal do aparelho é a realmente dispensada, a qualidade do feixe de raios X, o tamanho do ponto focal e a qualidade ca colimação. Grade antidifusora. É um sistema que exclui os raios não paralelos entre si, aumentando a nitidez da imagem. Controle automático de exposição. A dose de radiação é ajustada automaticamente ao tamanho e à densidade de mama por meio das fotocélulas, que captam a radiação distal à mama e informam ao aparelho se já passou uma quantidade adequada de radiação. Posicionamento. A qualidade do posicionamento é avaliada de imediato pelo radiologista. Sistema chassi-écran. Uma boa imagem mamografica depende muito da qualidade do filme, do écran e de um bom contato écran-filme é avaliada por uma radiografia de uma tela de teste. Câmara escura. Deve ser testada com freqüência para limpeza e luz parasita. Qualidade da revelação. Esse é um dos pontos mais críticos. Ela é verificada por meio de testes de densitometria. Um aparelho chamado sensitômetro provoca uma exposição padronizada por um aparelho chamado densitômetro, gerando um gráfico que informa sobre a qualidade da revelação. O Técnico de raios X deve também monitorar cuidadosamente a temperatura da processado. Captação digital da imagem. No caso da mamografia digital, o controle da qualidade da captação da imagem pela tela de fósforo é feito eletronicamente por softwares nos sistemas de mamografia digital. Negatoscópio. Tem que ser de alta luminescência, especial para mamografias, e deve haver freqüente verificação se existem lâmpadas queimadas, pois isso afeta diretamente a homogeneidade da luminosidade. Até mesmo em clínicas que trabalham com mamografias digitais analisam as mamografias em estações de trabalho, há necessidade de negatoscópios para as comparações com exames anteriores. Monitores. No caso de estações de trabalho (mamografia digital), os monitores têm que ser compatíveis com a leitura de mamografias. A especificação técnica desses monitores varia em diferentes países. Nos Estados Unidos, o FDA exige monitores de 5 megapixels e autocalibrantes; outros países exigem 3 megapixels. Radiografia de fantomas (phantoms). O fantoma é um simulador de lesões mamárias, dispostas em pontos conhecidos. Para que uma mamografia seja considerada de boa qualidade, um numero mínimo dessas lesões simuladas deve ser visto a radiografia. È um teste excelente, pois mede o resultado final de vários parâmetros, e deve ser aplicado com freqüência. Do livro Diagnóstico por Imagem da Mama , Dr. Hélio Camargo Jr. Fonte: Radiology.Com.Br

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